Dentre as inúmeras mentiras que a gente conta, uma em especial tem me causado certa inquietação ultimamente. É aquela em que se diz algo pra alguém, querendo dizer exatamente o contrário. Aquela em que a gente tenta se convencer de que é o melhor a fazer, quando no fundo, sabe que é não é assim. A que falamos não, torcendo pro outro interpretar “sim”. Oras, quanta bobagem!
Se eu quero amarelo, por que dizer que quero azul? O outro interpretará “ela quer azul” e assim será. Logo virá a constatação de que a interpretação não foi a desejada e virá a frustração. Burrice de quem?
Há algum tempo adotei a prática de “joguinhos jamais”. Se eu quero ligar, ligarei. Se estou com saudade, direi. Se estou chateada, idem. Não significa falar tudo o que passa pela cabeça a todo instante. Saber silenciar ainda é ouro. Ouvir, processar, silenciar. Falar na hora certa e exatamente o que se quer dizer, sem maquiar intenções. É isso. Deve ser a fórmula.
Outro dia uma amiga confidenciou sobre um ex que reapareceu. Depois de anos, ele vem com o discurso do “se”, enchendo a caixa de e-mails. “Se” eu tivesse me declarado... “se não tivesse acontecido isso”, “se não tivesse acontecido aquilo”.
“Se” não é nada. É falta de coragem e frustração (olha ela aqui de novo). Por trás dessas palavras, creio, existe uma mensagem escondida: “Ainda to aqui. Ainda to afim. Tais também?”. O medo do “não” impede as perguntas e é mais fácil se esconder atrás dos “se’s”. Da mesma forma, ela deixa-se levar pela nostalgia. Atrás do “pois, é...”, pode se esconder um “sim”. Quem vai saber?
Outra amiga contou dia desses que “terminou” com fulano, mas no fundo não quer ser esquecida. Ah, tá, então eu digo: “me esqueça” e quero ser lembrada. É a velha mania de complicar a vida.
Lembrei do conto “O bom ladrão”, de Fernando Sabino, em que o narrador vê seu casamento morrendo por falta de diálogo e medo de perguntar. Medo das respostas, dos porquês, quando, na realidade, as dúvidas eram mais destrutivas, como no enigma de Capitu.
Estou longe de ser expert em relacionamentos. Sou apenas alguém que, como diz a música, quer saber mais do que os seus vinte e poucos anos. Mas me atrevo a fazer sugestões.
Sugiro que digas sim, quando quiseres dizer sim. Que digas não, quando quiseres dizer não. Pese prós e contras. Saiba das conseqüências. Mas não se engane. E não espere do outro interpretação para seus sentimentos e desejos.
Assuma o risco de ser você. E seja feliz!
6 comentários:
Uau!! Isso é o que eu chamo de "abrir os olhos pra vida" hahaha
Que explanação mais realista!! Adorei!!!
Em particular a parte do "Saber silenciar ainda é ouro"... tenho aprendido a fazer isso. Mas eu ainda chego lá! hehehe
Beijão Kellen, como sempre, arrasando nos posts!!
=**
Sempre sonhei com um amor de conto de fadas,onde todos eram felizes para sempre.
Ainda continuo acreditando no amor acima de tudo,ele ainda é o dom supremo pra mim.
Esse amor puro porém,é o amor de uma mãe por um filho, o amor que se dá sem querer nada em troca,o amor que tudo suporta,que tudo perdoa.
Acredito que possam existir almas afins em busca de uma vida juntos entre um homem e uma mulher,mas não acredito em almas gêmeas...
As vezes a falta de coragem e o medo te fazem tomar atitudes que te fazem sofrer,mas é preciso ser forte,se vc agiu então guente as conseqüências.
Eu concordo com vc em mtas partes,mas as vezes o coração quer algo e a razão diz pra querer outra...
O coração as vezes ama e tem medo de arriscar.
Nada acontece por acaso,então como tudo tem um propósito,acredito que se aconteceu assim era pq tinha q ser. Maktub como já diria meu ídolo Paulo Coelho.
Ah faltou dizer que achei isso tudo mto profundo huhauhauhaua e vc sabe pq... Ainda bem que nos entendemos nesses assuntos neh
bjsssssssss
Nossa amiga! Que deboche este seu texto, você não perde em nada para Martha Medeiros, show. Sejamos realistas, mulher complica tudo, temos mania de deixar subtendido, porém homens não possuem a aptidão de ler nas entrelinhas, já nós, até mesmo em frases objetivas imaginamos no mínimo umas 3 possibilidades para aquela resposta, imaginação fértil demais! Porém, todavia, contudo, concordo com sua colega que diz, nada acontece por acaso, se complicamos algo que termina por dar errado, é porque tinha de ser assim...tudo tem seu tempo.
Olha discordo das senhoritas acima! Acho que acabaram de fazer uma extensão do lindo texto da Kellen! Rodearam rodearam e... tentaram de novo tampar o sol com a peneira, a Kellen ta certa mesmo, se as pessoas assumissem os sentimenos se nao tivessem medo ou receios bobos garanto que iriam viver lindas historias de amor! E claro algumas coisas são pq tinham que acontecer, mais lembrem-se o caminho existe e o destino tb , mais o modo que vai trilhar é vc quem escolhe! O que acontece nao é por acaso mesmo, mais achar que nao saiu como deveria ser e nao lutar por aquilo que acredita e tampar isso enganando a si proprio! É o certo??
A terapeuta me perguntou dia desses algo que eu gostava muito de fazer. Respondi rápido: viajar. Não precisa ser longe, ir até Vargem do Cedro já me deixa feliz. Amanhece domingo com sol lindo e eu penso que legal seria ir a tal lugar.
Aí eu disse pra terapeuta: mas o alexandre não gosta muito destes programas. E ela me pergunta: tu convidas e ele não topa? E eu penso: na verdade, não convido, fico achando que ele não gosta. E é assim: a gente tanto quer que as pessoas adivinhem o que a gente pensa como a gente sai "achando" o que os outros pensam...
Postar um comentário